A mídia e a morte...

Por José S. A. Melo

Incrível como a mídia, pricipalmente a TV, lida com a morte. Lá se vão três dias comentando a morte de José de Alencar. Eu realmente suspeito das reais contribuições deste homem, e agora, todos os tratam como um pessoa (político) especial, que foi importante para o fortalecimento de nosso país, e um dos principais responsáveis por estes dias prósperos em que aqui vivemos. Não me dou bem com política, políticos, governos e governanças, não sei se ele na verdade deu alguma contribuição nestes anos de "governo Lula". Mesmo assim fui tocado pela cobertura midiática, destes últimos meses da vida deste sujeito. (Seria o tal efeito catarse?). Admirei sua força e sua luta contra o câncer, sua batalha e seu apreço pela vida, esta foi uma luta digna, esforço e dedicação e amor a vida sempre merecem respeito. Mas percebi algo de estranho nessa história toda, e pergunto "Por que tal fato, a morte de José de Alencar merece tanto destaque na mídia?" Outros tantos passam por momentos semelhantes, na verdade muito piores, por não terem condições para conseguir tratamento. Andei pesquisando, assistindo na medida do possível todos os telejornais da tv aberta nesses últimos dias, tentando encontrar o que a TV nos diz a respeito das milhares de vidas de brasileiros que também são vencidos pelo câncer, mas que nem tiveram a chance de amenizar seus sofrimentos por não poderem nem sequer comprar uma caixa de um bom analgésico ou antiflamatório que custa em torno de uns R$40. Queria saber o que iriam dizer a respeito daqueles que sem condição de comprar tal medicamento, seriam informados que seu tratamento, por exemplo a quimioterapia iria custar 15 mil doláres, e que o número de pessoas com direito a esse tratamento custeado pelo SUS, superava nem em dez, nem em cem, mas em mil vezes as vagas nas clínicas credenciadas. Restam a tais milhares de pessoas aguardarem um milagre em uma fila de alguma instituição,ou de algum hospital benificente. O que encontrei a respeito destas histórias que acontecem a todo o momento? NADA. O resultado desta pesquisa foi, absolutamente nenhum, nem sequer uma frase na TV a respeito disto. A mídia televisiva quer idealizar um tal de Grande Alencar, que é muito menor, que os outros milhares de "Zés" que passam por situações, batalhas muito mais duras e cruéis. Vale minimante questionar o porque desta beatificação deste José específico? Talvez a resposta esteja na relação entre mídia, morte e a construção de pseudoheróis, em detrimento a fatos e pessoas que realmente deveriam importar.
Lembremos pois o desprezo que essa mesma mídia tratou a morte de um tal de José Saramago ou de Ronnie James Dio. No caso do primeiro, se eu me lembro bem foi somente comentada brevemente em alguns jornais, que trataram muito pouco da importância da vida e da obra deste "zé", o tratando como mais um literário velho qualquer que hava morrido. Saramago na verdade, sem dúvida alguma, foi maior autor da língua portuguesa. Já o segundo, portador de uma das mais belas vozes da música contemporânea mal foi citado na mídia não especializada, não apareceu nas tvs abertas, morreu esquecido. Vi posteriormente, mas aí na internet, que em alguns canais de comunicação haviam noticiado que Dio não teve dinheiro para custear o tratamento de seu câncer. Dúvido, Dio tinha dinheiro, e muito dinheiro...O que poucos disseram foi que ele quis ter o mesmo tratamento daqueles que não o tinha. Fiquei sabendo também através do site Whishplash, site de crítica musical, que uma tv cristã nortemericana, noticiou a morte de Dio como um castigo a um adorador de satã. "Morre de forma decadente um disseminador do mal na terra" etc e tal...
Bom especificamente essas duas mortes ocorreram no ano passado, nem sei porque me lembrei delas. Talvez eu saiba sim, esses caras irão fazer muita falta, ao menos para mim...
Lembremos pois de fatos mais atuais, a TV gosta do que esta acontecendo agora não é mesmo? O que dizer então das milhares de mortes no japão após o terromoto e Tsunamis, que aconteceram há três semanas átras. Ainda hoje estão contando os corpos, pouco se fala a respeito das vítimas. No ínicio, na no calor dos fatos, a mídia tratou este acontecimento com outras tsunamis de imagens, registros audiovisuais espetaculares, repetidos a exaustão nos promeiros dias, mas hoje nada. Pouco também estão comentando agora, sobre não mais uma ameça de um cenário apocalíptico, mas de algo concreto que será deixado como lembrança nos arredores de Fukushima. Também não comentam que todos aqueles trabalhadores que lá estão trabalhando em breve sofrerão os efeitos de sua exposição a elevedos níveis de radiação, cuja a consequência será uma morte prematura e cruel, por um câncer. Muito provavelmente, não por um, mas por diversos deles, em diversos tecidos e orgãos de seus corpos... Veja as coisas como são...

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