Os esquecidos( Los Olvidados) - 1950

Resenha escrita por Carlos Augusto Magalhães Junior
Este sem duvida é um dos filmes mais realistas do cineasta espanhol, e talvez o que mais toque em temas sociais. Produzido na época em que Buñuel se encontrava exilado no México por razões políticas (governo facista do General Franco), este resolveu mergulhar no sub-mundo da Cidade do México para mostrar como ali (e em outras metrópoles) convivem diariamente famílias não lembradas a todo momento pela mídia e pelos demais moradores da grande metrópole.Dai surge o titulo.
Baseado em uma historia real que Buñuel leu nos jornais Mexicanos, o filme mostra a história de Pedro, um garoto que assim como seus colegas formam algumas “gangues” e diariamente praticam roubos, na cidade do México. Um dia a vida deles muda pois um criminoso famoso, e tido pelos garotos como líder, foge da prisão e volta para reencontrar seus “amigos”. A “gangue” pratica inúmeras crueldades inclusive agredir um cego e um aleijado, e tentar roubá-los. Porém um dia Jaibo, o criminoso fugitivo, resolve tirar satisfações com Julian, um garoto trabalhador que possui um pai bêbado, pois segundo Jaibo, Julian teria o delatado para a polícia. Jaibo acaba agredindo Julian na cabeça, na presença de Pedro, que foi como seu cúmplice. Logo após os dois fogem sem saber que haviam matado Julian.
Quando a noticia da morte de Julian se espalha Pedro resolve voltar para casa, e tem um sonho onde tenta se reconciliar com sua mãe, mas Jaibo o atrapalha. Além disso resolve procurar um emprego, e consegue. Mas Jaibo não dá sossego a Pedro e em uma oportunidade comete um roubo no emprego de Pedro e a culpa recai sobre Pedro que é demitido e passa a ser procurado pela policia. Como se não bastasse Jaibo se envolve sexualmente com a mãe de Pedro e ainda lhe convence a entregar Pedro a justiça, para que essa cuide dele.
Pedro então é mandado para um colégio interno onde, se revolta com seus colegas e desconta em algumas galinhas. O diretor do colégio fica sabendo, porem ao invés de agir como o esperado, o repreendendo, resolve dar confiança a Pedro e lhe entrega uma nota de 50 pesos para que ele lhe compre um cigarro fora do colégio e volte com o troco. Contrariando todas as expectativas Pedro resolve fazer isso, porém mais uma vez Jaibo interfere em sua vida e tenta roubá-lo. Os dois brigam, e Jaibo acaba matando Pedro. Em seguida Jaibo é morto pela policia quando tenta fugir, porém a cena final, é a mais inquietadora. Uma garota amiga de Pedro e seu avó, vêem o corpo de Pedro morto em seu celeiro e com enorme indiferença o jogam foram em um saco de lixo. Talvez por causar esse mal-estar este final tenha sido censurado, o que obrigou Buñuel a produzir um final, mais doce e Hollyoodiano, porém menos com a cara do cineasta espanhol.
Enfim um filme muito mais real, do que surreal, que nos instiga e provoca com temas tão atuais, mas ao mesmo tempo passados, e onde genialmente Buñuel consegue explorar a natureza humana, sem as visões Hollyoodianas maniqueístas e sem um “viveram felizes para sempre”.

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