IV COLÓQUIO TEORIA CRÍTICA E EDUCAÇÃO

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Apresentação

            O IV Colóquio Teoria Crítica e Educação é um evento GRATUITO organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de mesmo nome, que recebe o apoio da Fapemig e está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Lavras. O tema “A questão da autoria no cinema e na formação docente” será abordado por meio de duas palestras, um minicurso e exibição de um filme seguido de debate; atividades que acontecerão nos dias 03, 04 e 05 de outubro de 2016 no Anfiteatro 1 do Núcleo de Educação a Distância (NEC), localizado no Campus Histórico da Universidade. O evento tem como público-alvo professores/as da educação básica, licenciandos/as, mestrandos/as pesquisadores/as em educação e demais interessados/as no tema.


Justificativa para a realização do evento.

            Em nossa contemporaneidade na qual milhões de pessoas utilizam o aparato tecnológico para realizar atividades laborais ou não ,e no estágio avançado do modo de produção capitalista, multiplicam-se ações cujas autorias não são reconhecidas; ao mesmo tempo, a emissão de certificados tem se proliferado sem que, muitas vezes, tenham sido praticadas as ações que efetivamente podem conferir-lhes solidez.
            No campo da formação de professores, uma das faces desse “qui pro co” pode ser vista quando o estudo de um/a licenciando/a ou o trabalho de um/a professor/a não consegue ultrapassar a condição de mera obrigatoriedade, sem reconhecer a importância do trabalho para si mesmo. Nesta confusão, o licenciando acaba reduzido à condição de estudar porque há provas, e o professor, à situação de lecionar porque há um programa para cumprir e um emprego para manter.
            Outra face deste mesmo processo, pode ser vista quando cópias e mais cópias, seja de aulas, de textos, de filmes, artigos etc, são extraídas da internet e apresentadas como se fossem de autoria daqueles que daí os retira na busca incansável pelo sucesso, identificado cada vez mais com a obtenção de certificados. Assim como o dinheiro, em vez de provocarem o despertar da memória em relação ao processo vivido para se chegar até ele, tais certificados  passam a ser valorizados tão somente como uma senha que dá acesso às próximas etapas de um percurso que parece não findar.
            Um dos mecanismos que reflete este contexto e contribui para o enfraquecimento do processo de formação de professores-autores, tem a ver com os exames nacionais que determinam quais conteúdos devem ser trabalhados por eles. Isto porque são as questões desses exames que precisam ser respondidas por levarem aos níveis de ensino subsequentes. Questões que, por sua vez, encontram-se cada vez mais fundamentadas em conteúdos e formas extraídos dos jornais, das revistas, dos cinemas de maior circulação ou de maior sucesso de mercado, ou seja, conteúdos produzidos na medida de seus consumidores e não na busca de sujeitos críticos e reflexivos.
            Fazer com que as pessoas se sintam satisfeitas consigo mesmas consumindo imagens audiovisuais é um dos mais importantes serviços prestados pela Indústria Cultural, tal como afirmaram Adorno e Horkheimer (1947). É neste contexto que mostrar-se autor de algo se superpõe ao vir a ser efetivamente um autor/a de algo. E quanto mais é preciso se mostrar autor/a, menores são as chances de as pessoas reconhecerem uma perspectiva histórica e social de autoria, a qual permite ver que esta depende da relação social, num tempo e espaço concretos.
            É por estas questões que este IV Colóquio Teoria Crítica e Educação se propõe a discutir a Nouvelle Vague Francesa, um movimento artístico cinematográfico que despontou historicamente com o propósito de defender o cinema de autoria. Na revista onde publicavam seus textos, Cahiers du Cinema, os cineastas deste movimento construíram suas críticas à invasão do cinema norte-americano, às dores deixadas pela Segunda Grande Guerra e às destruições na vida social provocadas pelo avanço da lógica de mercado orientada exclusivamente pelo lucro. Nesta contraposição, o cinema que surgiu da política de autor foi uma manifestação histórica de como é impossível a autoria de um só homem ou mulher.
            Um dos integrantes mais expressivos da Nouvelle Vague, François Truffaut, teve suas obras estudadas no Projeto de Extensão Cinema com Vida, vinculado aos estudos do Grupo de Pesquisa Teoria Crítica e Educação, fundado em 2007 na UFLA.
O IV Colóquio expressa a busca deste Grupo em retomar o que foi percebido nas obras do cineasta, e ampliar o debate junto a outras pessoas sobre a importância de continuar refletindo a questão da autoria na formação docente a partir da experiência do cinema como arte. Afinal, como ser autor/a de algo em condições de trabalho em que as pessoas, os objetos, os espaços, os tempos são descontinuados em períodos cada vez mais curtos?
            É mister considerar a verdade histórica presente na obra de F. Truffaut no contexto da formação docente, especialmente quando professores/as vem sendo reduzidos a meros recursos humanos, a aplicadores de ideias e conceitos prontos e acabados, constantes dos livros/softwares didáticos e dos exames nacionais, prescritos por especialistas no assunto. É preciso repensar os cursos de formação que, ao se tornarem cada vez mais aligeirados e contabilizados, tem conduzido à formação de professores/as certificados mas desautorizados.
           
Cabe ressaltar, ainda, a última, mas não menos importante questão cara a este Grupo, a saber: a dimensão do prazer em poder discutir a formação docente na perspectiva da arte, sem a qual não se pode efetivamente, falar em formação e educação dos sentidos.

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