Reflexão sobre o esporte e desenvolvimento científico no filme “Naqoyqatsi”
Postado por Jacques Lage
O documentário “Naqoyqatsi”, dirigido por Godfrey Reggio (2002) é um rico material para discutir-se os rumos do desenvolvimento científico e do esporte contemporâneo, entre várias outras temáticas às quais deixaremos para tratar futuramente. Em um o jogo de imagens com a torre de babel, nadadores, atletas, guerras, olimpíadas, laboratório de genética, bebês, ovelha Dolly, torcidas nas arquibancadas comparadas a corretores em mercados de ações, pílulas, bandeiras dos EUA e explosão da bomba atômica, “Naqoyqatsi” permite-nos refletir a tensão entre o esporte ligado à idéia de perfeição humana e, ao mesmo tempo, o modelo de organização social que exige o uso do doping e de modificações genéticas no desenvolvimento das potencialidades humanas. Nesse sentido, o esporte aliado ao desenvolvimento tecnológico é apresentado como produto de consumo, uma maneira de conter as multidões, uma espécie de ferramenta de superação dos limites do corpo humano e de confronto entre as diferentes nações enquanto representação do potencial econômico e de desenvolvimento medido pelo número de medalhas em uma olimpíada. Em nossa análise sobre o documentário foi possível depreender que o esporte é tratado como um instrumento de guerra alternativo, como um anteparo as guerras atômicas em um mundo com enorme potencial bélico de autodestruição como, aliás, sugere o título traduzido na língua indígena Hopi: “Guerra como modo de vida”.
Este documentário foge dos padrões conhecidos, assim como toda a trilogia "QATSI", por ser construído apenas a partir de sons e imagens,o que exige certa maturidade e amadurecimento do espectador. Da mesma forma essa excentricidade revela-se como potencial transformador e reflexivo. Ele possuí característica multidisciplinar e pode ser bem trabalhado por exemplo no ensino médio, superior e em discussões sobre a sociedade contemporânea, dentre tantos outros contextos.
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