As Luzes da cidade (City Lights) – 1931


Fernando Cardoso Montes
As Luzes da cidade um filme de 1931, momento em que as produções cinematográficas já apresentavam técnicas sonoras desenvolvidas, Charles Chaplin abre mão desse recurso e com sua maestria, faz desse trabalho uma das maiores obras de todos os tempos. E ainda é capaz de satirizar produções que utilizam dessa técnica, como na cena inicial do discurso, mostrando que uma obra não precisa ter som para “falar”, quando me refiro ao verbo falar, quero enfatizar todas as possibilidades que uma obra de arte deste tamanho pode trazer consigo. Pois pode nos sensibilizar, emocionar, sobretudo, nos encantar, e é isso que posso perceber deste magnífico trabalho de Chaplin, esse encanto vêm do reconhecimento de como um filme pode tocar em vários pontos com tanta sutileza. Como um filme pode ser ao mesmo tempo tão engraçado, e trazer críticas que nos deixam perplexos? Como cenas antológicas, como aquela da luta de boxe, contrastam com momentos de injustiça, miséria e extrema desigualdade? Talvez essa tensão, faz desta incrível obra, uma referência do cinema mundial. Outro ponto, que Chaplin toca com bastante sutileza é o caso da sensibilidade, pois ele evidencia nossa dificuldade em perceber o outro, uma critica da década de 30, momento de produção do filme, que de certa forma, é bastante atual. Nesse sentido, Charles Chaplin, “joga” com outros elementos, como a luz e a escuridão, mostrando que quando as coisas estão escancaradas na nossa frente, temos uma imensa dificuldade de percebê-las. No entanto, quando apresentam alguma impossibilidade é que percebemos com mais facilidade, por isso, quero usar uma frase de Humberto Gessinger, bem pertinente, nesse caso, que diz “Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos”. E na cena final do filme, Chaplin com seu talento monstruoso, nos leva refletir sobre vários aspectos, garantindo assim a verdadeira função da arte de questionar a realidade.

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