Por: Marcela de Fátima
Naves e Luciana Azevedo Rodrigues
FICHA
TÉCNICA
Título
original: The Pleasure Garden
Ano de
lançamento: 1925
Direção: Alfred Hitchcock
Produção: Michael Balcon, Erich
Pommer
Roteiro: Eliot Stannard, baseado no
romance de Oliver Sandys
Duração: 60 minutos
Elenco: Virginia Valli (Patsy), Carmelita
Geragthy (Jill), Miles Mander (Levett), John Stuart (Hugh)
Lançado em 1925, Jardim dos prazeres (The Pleasure
Garden), foi o primeiro filme dirigido por Hitchcock, apesar de não ser assim
considerado pelo próprio diretor. Sua equipe não dispunha de muito dinheiro
para realizá-lo e Hitchcock ainda era inexperiente como diretor. Mesmo assim,
com todas as dificuldades, a película já contém características técnicas que
marcaram as obras de Hitchcock, e que se tornaram mais evidentes nos filmes
seguintes, como por exemplo, o “close-up” nas expressões e nas reações dos
personagens, a ambiguidade herdada do expressionismo que se revela no contraste
entre a luz e a sombra, no cômico e
trágico, na imagem e seu reflexo.
Pode-se perceber que, em certa medida, o filme já contém em gérmen um dos elementos
de Psicose, ou seja, a questão dos mortos que atormentam os vivos, os “fantasmas” que atormentam os personagens, o
que também se manifestará em outros filmes. Hitchcock se define como medroso, e
diz que justamente isto o ajudou a cuidar do susto vivido pelo ser humano e a
desenvolver sua sensibilidade para contar histórias de suspense.
Jardim dos prazeres é um filme
movimentado, que conta a história da relação entre duas mulheres que pelas
contingências vão pouco a pouco construindo uma amizade, e enquanto uma adquire
fama e sucesso dançando no Teatro chamado Jardim dos prazeres, a outra, que
também dança permanece sem fama. A trama é propositalmente confusa,
primeiramente pela semelhança entre as principais personagens, que em alguns momentos
do filme o público não consegue distinguir, pois, são muito parecidas
fisicamente, mas muito diferentes em suas atitudes, sentimentos, ações e
emoções. Daí o espectador ser mobilizado a pensar que apesar das diferenças
entre ambas, elas também são semelhantes, uma ideia que é possível extraír tão
somente das imagens apresentadas dispensando a fala. A empatia de Patsy
(Virginia Valle) por Jill (Carmellita Geraghty) no início da trama parecem
confirmar isso. Além disso, um outro aspecto característico dos filmes de
Hitchcock que já se apresenta nessa primeira obra, é o fato de o inicio de
alguns de seus filmes darem a falsa impressão de que a historia girará em torno
de um personagem, quando na verdade o centro da historia será outro. No inicio
desse filme, temos a falsa impressão de que será narrada a história de Patsy,
mas com o decorrer do filme, o papel principal é dividido com Jill. Ao mesmo
tempo que é uma história simples, aborda questões muito complexas como as
relações de amizade, casamento e amor. Em algumas cenas o filme é cômico como
as que são protagonizadas pelo cachorrinho de Patsy e, em outras é trágico,
como no assassinato da nativa, quando a cena dá a entender que o personagem se
arrependeu de tê-la mandado ir embora e vai ao seu encontro para pedir
desculpas, mas, em vez disso, ele a afoga no mar, configurando outro traço
marcante do suspense de Hitchcock que é a quebra de expectativa.
Vale ressaltar, que apesar de se
encontrar nesse filme algumas características que se fizeram presentes na
trajetória cinematográfica de Hitchcock, “Jardim dos prazeres” é mais um
experimento do diretor, que acena para o processo de construção do seu
trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário