“OLHAI OS
PÁSSAROS DO CÉU”: notas sobre o filme
Por: Vanderlei Barbosa
FICHA TÉCNICA
Título original: The birds
Ano de lançamento: 1963
Direção: Alfred Hitchcock
Produção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Evan Hunter, baseado
num conto de Daphne Du Marier
Duração: 120 minutos
Elenco: Tippi Hedren (Melanie),
Rod Taylor (Mitch), Jessica Tandy (Lydia), Suzanne Pleshette (Anne), Veronica
Cartwyight (Cathy)
Indicação ao Oscar: Melhores Efeitos
Visuais
Antes de tecer algumas breves considerações sobre idéias provocadas pelo filme, gostaríamos de apresentar uma síntese do filme para que o leitor que ainda não conhece a obra possa ter o espectro do seu enredo. Eis a sinopse do filme:
"A história começa do modo mais fútil possível, com uma discussão entre um advogado, Mitch (Rod Taylor), e uma socialite, Melanie (Tippi Hedren, mãe da também atriz Melanie Griffith) em uma loja de pássaros. Depois que ele vai embora, ela passa a se interessar por ele e o persegue até a cidade de Bodega Bay, onde estão acontecendo estranhos ataques de pássaros. Pela história, dá para se perceber que temos uma mudança completa de clima: de uma screwball comedy passamos a um drama/romance, antes de entrarmos de cabeça num estado absoluto de horror".
Feita a descrição da sinopse do filme me atrevo a tecer algumas considerações sobre o filme que me chamaram a atenção pelo carater enigmático.
Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, é também o mestre das fábulas. Isso fica evidenciado no filme os pássaros: o surreal que faz olhar a realidade e pensar o impensável.
No filme é possível viajar por representações culturais e psicológicas. Ele permite olhar para as formas de ser inexistentes para pensar as formas de ser existentes.
Em outras palavras, o impossível torna-se fonte de reflexão sobre nossos comportamentos diários no cotidiano, aparentemente banal. Permite-nos olhar para o espaço (céu) não como espaço de "salvação", mas como espaço de tensão e "ameaça". Mais do que isso, para um lugar de onde virá "a insustentável leveza do ser" como diria Ítalo Calvino.
Daí a importância de constantemente se rever as práticas e os discursos constituidores da cultura. O filme nos aponta que é preciso exercitar o estranhamento diante das coisas que nos parecem naturais.
Essa capacidade de desnaturalizar o óbvio é uma atitude filosófica das mais difíceis, mas indispensável na alquimia crítica do existir.
Essa capacidade de desnaturalizar o óbvio é uma atitude filosófica das mais difíceis, mas indispensável na alquimia crítica do existir.
Os Pássaros, seres inofensivos, tornam-se seres aterrorizantes. O Hitchcock quis expressar com essa metáfora? Na minha leitura, ele quis explicitar que o medo do desconhecido é o mais aterrorizante de todos os "fantasmas" que rondam nossa existência.
É um filme que vale a pena assistir.
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