Por Vanderlei Barbosa, Ricardo
Silveira de Moura
Paula Souza Alves dos Santos e Ariane Paiva Silveira
Essa obra teve
seu lançamento dia Oito de Outubro de Mil Novecentos e setenta e cinco.
François
Truffaut teve muitas paixões. O cinema certamente foi a maior delas, desde o
inicio da sua carreira, como crítico de cinema, até o momento em que decidiu se
dedicar por inteiro não somente a teoria, mas também a prática do fazer
cinematográfico. O interesse especial que talvez não tenha ficado evidente era
a admiração por mulheres fortes e obstinadas. E, destas poucas puderam se
comparar à Adèle H., que escondia o sobrenome famoso (filha do escritor mais
famoso, Vitor Hugo), que largou família, amigos, orgulho pessoal, para ir atrás
de um amor impossível, de um homem que não mais a queria, um dos seus trabalhos
mais singulares.
Quando
conhecemos Adèle ela esta desembarcando na América, após longa viagem de navio.
Sem ter para onde ir e com o dinheiro contado, pede para o motorista que a leve
até uma pousada de família, simpática e não muito cara. Aos poucos seus planos
vão sendo revelados: está atrás do Oficial Albert Pinson, enviado há pouco
tempo pelo exército Francês, para prestar serviço no novo posto. Mas quem imagina
que ele esta ansioso esperando ela, esta muito enganada. Albert recebe a
noticia da presença da presença de Adèle na vila, e ao procurá-la dias depois,
tem apenas um objetivo: reafirmar sua total falta de interesse nela. O que uma
vez houve entre os dois já acabou, e do que houve ele prefere nem guardar
lembranças, mas quem diz que a Adèle entende o recado? Visivelmente
desequilibrada, prefere seguir agindo como se ignorasse os fatos óbvios que se
desenrolam em sua frente, acreditando mais no que se passava em sua mente, do
que no concreto. E a partir de então passa a mentir: para a família, para os
hospedeiros, para o livreiro, o rapaz do correio, mas principalmente para si
mesma.
A presença de Truffaut é discreta, mesmo uma rápida participação como ator,
como um dos militares. Se pouco vê sinas do seu cinema de costumes mais íntimos
e pessoais, o identificamos nos detalhes, no estudo de personagem que
desenvolve a partir das ações e reações de sua protagonista: Adèle cria e
recria a cada instante um novo mundo, e qualquer sinal de mudança logo é
esclarecido como um mergulho ainda mais profundo na loucura que vai
desenvolvendo. A paixão, não é arrebatada, nem libertadora. Ela consome,
destrói e perverte, arrasando quem ela deveria se nutrir até o ultimo suspiro.
E, No final, o que sobra é somente o preto das roupas, pois os sentimentos já
se foi há um bom tempo.
Para conseguir o amor de Albert, Adèle humilha-se, espiona, arranja
mulheres para o amante e chega a simular uma gravidez diante do futuro sogro do
tenente. Sem dinheiro e sem Albert, sua sanidade começa a deteriora-s
rapidamente, e ela abandona a pensão por um albergue de indigentes.
Essa obra termina numa nota de ironia trágica, mostrando que mesmo após
as mais turbulentas tempestades a ainda ira a paz ainda ira surgir, mesmo que
nunca na forma esperada. Não se trata de uma longa e fácil filme de ser
assistido e muito menos algo apaixonante, mas ainda assim possui qualidades
suficientes para justificar a assinatura deste, que é um dos maiores
realizadores do cinema Francês.
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