Por Dalva de Souza Lobo,
Paula Souza Alves dos Santos e
Ricardo Silveira de Moura
Título original:L’HommeQuiAimaitLesFemmes.
Ano de lançamento: 1977.
Direção:
François Truffaut.
Produção:Marcel
Berbert e François Truffaut.
Roteiro:François
Truffaut, Suzanne Schiffamn, Michel Fermaud.
Duração:
120 minutos.
Elenco:
Charles Denner, Brigitte Fossey, NathalieBaye, Sabine Glaser, ValérieBonnier,
Jean Dasté, leslieCaron, GenevièveFontanel, Nelly Borgeaud e Henri Agel.
“O homem que amava as mulheres” pode ser
considerado um poema em homenagem a todas as mulheres, de diferentes belezas e
singularidades. Bertrand Marone, protagonista da história, trata cada uma de
forma cordial e endeusada, as admirando dos pés a cabeça, principalmente as
pernas, parte do corpo que Bertrand, assim como Truffaut, adorava.
A obra começa com um mar de mulheres de preto
caminhando em direção ao cemitério, todas de saia rumo a um túmulo. Com uma
narração em off, passa a ser subentendidoquem poderia estar naquele túmulo e
que este estaria relacionado com todas aquelas mulheres. De início já nos causa
estranheza como aquele personagem morto poderia estar relacionado àquelas
mulheres. Seria um garanhão?
Com um corte de imagem passa a ser mostrado a
vida de Bertrand onde começa a ser contado a história por trás das tantas
mulheres que apareceram em seu enterro, no natal de 1976 em Montpellier,
França.
Bertrand estava em uma
lavanderia quando viu um par de pernas passando pela janela, foi quando saiu
atrás da moça mas só conseguiu anotar o número da placa do carro. Depois disso,
Bertrand foi capaz até de bater o próprio carro numa pilastra fingindo ter
batido para conseguir o telefone e endereço da mulher misteriosa dona do par de
pernas. A seguradora não disponibilizou a ele o contato da moça, mas uma
funcionária deu a ele discretamente. Seguindo o endereço, descobriu que aquele
automóvel era alugado e quem usara naquele dia foi uma prima da locadora do
automóvel, a qual estava indo para Montreal, o que o fez desistir da moça.
François Truffaut, o amante
de pernas, retrata através do seu protagonista esta sua admiração por elas. O
filme é recheado de cenas com pernas femininas feitas por NéstorAlmendros.A
maior infelicidade de Bertrand era ver mulheres de calça com a sua beleza
escondida.
Sempre às 7 horas da manhã,
Bertrand era acordado por um serviço telefônico da época que servia como um
despertador, onde havia uma mesma moça, carinhosamente apelidada de Aurora, que
o acordava sempre. Bertrand interessado nesta voz misteriosa, sempre a chamava
pra sair, mas Aurora sempre recusara, até que um dia ela aceitou, mas de última
hora desmarcou, tornando assim um mistério maior ainda.
De tantas mulheres que
marcaram a vida de Bertrand, ele resolve escrever um livro, contando seus
romances para perpetuarem na eternidade e o fazendo assim, reviver suas
histórias continuamente.
E durante o tempo que ele
escreve o livro vêm as lembranças da sua mãe. Ele conta como ela andava rápido,
igual às prostitutas, que andava nua pela casa como se não percebesse sua presença.
Toda esta falta de amor em família é refletida em sua vida, o tornando quase
semelhante à mãe, como a coleção de fotos que os dois guardam para si. Todas as
cenas de lembrança da sua infância são retratadas em cores preto e branco,
diferente das outras cenas que são sempre muito coloridas, para retratar a
tristeza que Bertrand sentia.
Um outro relacionamento de
Bertrand é com Delphine, com quem teve uma relação de amor e ódio, tornando uma
das relações mais complicadas. Delphine acabara de sair da prisão quando foi
atrás de Bertrand em seu apartamento onde ele estava com Bernadette, uma
empregada da seguradora. Como Delphine era uma mulher muito ciumenta, era de
esperar uma confusão, mas surpreendentemente Delphine acabou aceitando a
situação e tiveram uma relação a três.
Com o livro sendo escrito,
Bertrand pagou uma datilógrafa para datilografar sua obra para posteriormente
mandar para as editoras. No meio deste processo, Madame Duteil, a datilógrafa
recusou continuar a trabalho, pois não se sentia bem lendo aquelas histórias
que a ofendiam. Sendo assim, o próprio Bertrand teve de continuar
datilografando seu livro e mandar para as editoras.
Quando ele termina seu livro
e leva às editoras, o interesse por ele é pequeno por contar a história de um
homem que se relaciona com várias mulheres, seria algo ofensivo para as
famílias tracionais da época. Mas GenevièveBigey, que trabalha em uma das
editoras, é a única que percebe a poesia por trás da obra de Bertrand e o defende
na empresa. Ela se interessa bastante pela obra por mostrar a beleza do amor
que ele sentia por cada uma.
Geneviève conhece então o
criador da obra e acabam se relacionando, sendo ela a única conhecedora de toda
vida de Bertrand, ou seja, é a voz feminina que narra o filme.
Bertrand morreu fazendo o
que mais gostava, admirando um belo par de pernas. Estava caminhando quando viu
do outro lado da calçada uma moça desfilando com as suas pernas a mostra. Foi
na tentativa de segui-la para admirar seus passos que Bertrand foi atropelado.
Gravemente ferido e já no hospital, ele ainda assim não quietou. Deitado na
cama viu a enfermeira de saia e foise levantar caindo e desconectando o sangue
que estava tomando pela veia e chega ao óbito.
Bertrand dizia que se relacionava
com várias mulheres, pois não encontrara aquela que o completasse totalmente,
então, procurava em cada uma sua parte que o preenchesse. Ele não ficava com
suas mulheres apenas por ficar, ele se envolvia com cada uma delas e as
valorizava, fazendo com que se sentissem bem e especiais naquele momento que
estavam juntos.
Enfim, Bertrand não era
apenas um conquistador, mas um homem que amava as mulheres no seu jeito de ser
e em suas belezas peculiares, nos diferentes sentidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário