Por Dalva de Souza Lobo
Direção:
Jean-Luc Godard
Ano:
1960
Roteiro:
François Truffaut, Jean-Luc Godard
Elenco: Claude
Mansard, Daniel Boulanger, Henri-Jacques Huet, Jean Seberg, Jean-Paul Belmondo,
Jean-Pierre Melville, Liliane David, Van Doude
Produção:
Georges de Beauregard
Fotografia:
Raoul Coutard
Trilha
Sonora: Martial Solal
Duração:
89 min.
O filme “Acossado”,
roteirizado por Godard e por Truffaut, inicia apresentando os traços principais
da personagem protagonista, Michel Poiccard, representado por Jean Paul Belmondo.
O casal protagonista (Belmondo e Jean Seberg) representa um determinado grau de
inversão nos papéis amorosos.
POICCARD é um golpista que
representa a verborragia típica do jovem que fala compulsivamente apesar de
estar sozinho, dirigindo se carro durante a fuga após furto. Trajado de terno e
chapéu, ele lembra os filmes antigos, estilo noir. Sua fala inicial, “- Se tem que ser, tem que ser”, aponta
para a fatalidade de seu destino.
Godard parece subverter as
normas da montagem cinematográfica tradicional ao fragmentar e acelerar algumas
cenas, a exemplo da cena da perseguição com o automóvel de Poiccard que vai de
encontro a motociclistas que estão na direção oposta a de seu carro, o que causa
certa confusão no espectador.
Já Patrícia representa a
liberdade feminina da década de 1960 com roupas que destoam dos padrões de
feminilidade da época. A jovem norte americana, apesar de ansiar pela
liberdade, ainda depende dos pais para estudar na Sorbonne. O que atrai a
atenção de Poiccard é sua personalidade aparentemente livre. Interessante notar
que ele se apaixona por ela deixando-se fragilizar pela liberdade que o atrai.
As cenas entre ambos
denotam a inversão de papeis e dialoga com o contexto cultural, marcando uma
característica do diretor o qual busca retratar os conflitos, dúvidas e
angústias vividos pelos personagens, haja vista a cena em que patrícia diz não
saber se é feliz ou infeliz com sua liberdade, ou que julga como tal.
Mesmo apaixonado, ele não
parece se adequar ao comportamento livre da jovem a quem tenta, de certo modo e
sem êxito, dominar.
Outro ponto importante é
música, bebop, uma forma de jazz mais acelerada
e não comum ao cinema francês da época, acompanha o personagem e o
desenrolar de sua história.
Ao final da trama, quando ele
morre durante perseguição policial, Patrícia, apesar de surpresa com o desenrolar fatal,
fruto de sua denúncia à polícia, parece não
demonstrar sentimento de culpa. Interessante notar seu olhar direto e
enigmático para a câmera, algo também que marca a forma de Godard produzir e
pensar o cinema.
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